segunda-feira, 23 de maio de 2011

ANDRÉ O APÓSTOLO AFÁVEL - utilizou o que tinha nas mãos

Ele achou primeiro ao seu próprio irmão Simão, a quem disse: Achamos o Messias... e o levou a Jesus (Jo 1.41,42)

Ele tinha sido um dos ouvintes de João Batista. Era um dos que saíram ao deserto para ouvir aquele profeta. Ele vira João apontar para Jesus e dizer: Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. (Jo 1.29) Intrigado e muito interessado, ele seguiu a Jesus. Este viu-o segui-LO e perguntou-lhe o que desejava. André e seu amigo disseram que desejavam falar com Ele. E foi assim que eles passaram algumas horas juntos, conversando. Deve ter sido uma palestra maravilhosa, pois até mesmo a hora em que se deu ficou registrada: Sendo mais ou menos a hora décima (Jo 1.39). Foi uma hora muito importante para André: hora de decisão, hora de oportunidade, uma hora que iria mudar a sua vida. Ele saiu dali com uma grande convicção: Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus, o esperado, o desejado Messias.

Depois disso, André só conseguia pensar numa coisa  - em seu irmão Pedro. Não é de admirar que assim fosse; ele sempre vivera à sombra do irmão. Era sempre: Pedro isto, Pedro aquilo, Pedro o tempo todo. Pedro, o centro; Pedro o astro; Pedro sempre o foco das atenções. Contudo, André sabia que seu irmão tinha dons que ele não possuía. Portanto, ele tinha que conhecer o Cristo! Ele tinha que ver o Messias. Ele achou primeiro ao seu próprio irmão... (Jo1.41)

André foi o primeiro discípulo a seguir a Jesus, e no entanto ele não é mencionado em primeiro ligar em nenhuma das listas dos doze. O primeiro é sempre Pedro: em Marcos, ele é o segundo e em Atos, o quarto. Talvez tenha sido sempre assim. Na escola, Pedro sempre sabia responder a tudo. Nos esportes ele era o ídolo; sempre namorava as moças mais bonitas. Em seu negócio de pesca, tudo girava ao seu redor. Ele dava as ordens, e André ficava nas sombras, fazendo seu servicinho de sempre. Quando André era apresentado a alguém, a pessoa sempre dizia: "Qual é mesmo seu nome? Ah! sim, você é o irmão de Pedro!"

Não é fácil estar sempre tocando o segundo violino, tocá-lo a vida toda, dia após dia, semana após semana, mês após mês, em tudo, o tempo todo, sempre à sombra de um irmão ilustre.

Agora, André encontra a Cristo. Pelo menos uma vez, ele é o primeiro; por uma vez, ele é o astro. Se ele pudesse ter certeza de que tudo era apenas uma questão de má sorte, certeza de que ele poderia ser o primeiro se as circunstâncias fossem diferentes, se estivesse certo de que o mundo estava contra ele, nunca teria convidado seu famoso irmão para se encontrar com Jesus. Todavia, André não era rancoroso, nem rabugento, nem cínico. Ele aprendera a tocar belíssimas melodias, em seu segundo violino.

Ele achou primeiro ao seu próprio irmão Simão, a quem disse: Achamos o Messias... e o levou a Jesus (Jo 1.41,42). Não havia dúvidas nem interrogações. Ele tinha certeza do que afirmava. Se ele estivesse duvidando, Pedro não lhe teria dado atenção, não creria nele. Pedro tinha uma personalidade forte, forte demais para ser influenciado por uma pessoa indecisa. André, porém, estava certíssimo: "Achamos o Messias."

Dessa vez, Pedro teve que dar ouvidos ao seu irmão mais novo. Deu-lhe toda a sua atenção. Com sua personalidade vibrante, com sua capacidade de estar sempre no meio do palco, sua natureza extrovertida, fogosa, ele teve que dar ouvidos ao irmão. Entendemos agora por que André era um bom segundo violino. Ele tinha uma vida reta, que o irmão mais velho o respeitava: era o exemplo daquele André quieto, humilde e sensato. Pedro não riu; não zombou. Antes, foi com ele para verificar ...e o levou a Jesus. Talvez André não tivesse a personalidade nem a força de persuasão de seu irmão, mas ele levou seu próprio irmão! Se não houvesse um André, talvez nunca teria havido um Pedro.

Nos Evangelhos, encontramos novamente André alguns meses depois. Jesus estivera falando a uma grande multidão durante toda a tarde. O dia já ia avançando, e o povo tinha que regressar para sua casa. Para alguns deles, seria uma longa viagem. As mulheres já estavam bem cansadas, e as crianças ficando irritadas. Não havia alimento bastante e eles já estavam se indagando o que deviam fazer. Foi então que André se adiantou. (A Bíblia sempre fala de André como irmão de Simão Pedro - Jo 6.8 - para melhor identificá-lo. Sempre na sombra!) Ele diz: Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto, que é para tanta gente? Então Jesus falou: Fazei o povo assentar-se (Jo 6.9,10). E André levou o rapazinho até Jesus, o rapaz e seu lanche. Jesus multiplicou os pães e os peixes, e pôde assim alimentar 5.000 pessoas.

"Está aí um rapaz!"
Houve uma ocasião em que os discípulos disseram a algumas crianças que deixassem Jesus em paz. Mas não foi você, André; foi? Você parece sempre interessado em crianças. Você viu o rapaz sozinho, no meio da multidão. Você foi até ele. Estendeu-lhe a mão amiga. Você conversou com ele sobre a pesca no mar da Galiléia. Ensinou-lhe como se faz para encontrar peixes e trazê-los para o barco; como se coloca a isca e limpa o peixe. E ele ouviu tudo. Você lhe falou também sobre pesca de homens. Depois, ele tirou seu lanche do bolso - estava meio amassado, todo misturado - e ofereceu-se para reparti-lo com você.

E mais uma vez iremos encontrar André, no domingo anterior à Páscoa, no começo da última semana de vida do Salvador. Jesus entrou em Jerusalém triunfalmente. Alguns gregos tinham vindo à cidade para a festa. Tinham ouvido falar de Jesus e queriam conhecê-lo. Dirigem-se a Filipe, um dos discípulos, mas este não sabe o que fazer. Jesus nunca tivera tempo para os gentios. Sua missão era totalmente para os judeus. Talvez Filipe devesse perguntar a João ou a Pedro o que fazer. Mas não! Eles iriam dizer (Filipe até podia ouvir um deles dizer): "Diga a estes gregos para irem embora. A missão de Jesus é para os israelitas. Ele não tem tempo."

É então que um pensamento lhe ocorre. Por que não falar com André? André é sensato; ele saberá o que fazer. André é amável; ele saberá o que dizer. E sabe. André vai falar com os homens. Os gregos lhe dizem: Senhor, queremos ver a Jesus. (Jo 12.21). E o apóstolo leva-os a Cristo, apresenta-os e talvez até tenha dado ao Senhor um momento de felicidade. O coração de Jesus vibra: Muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e tomarão lugares à mesa no reino de Deus (Lc13.29). E eu quando for levantado na terra, atrairei todos a mim mesmo (Jo 12.32).

Bem, agora conhecemos André. Não há outra menção de seu nome na Bíblia, além da sua citação na lista dos apóstolos. Ele aparece nos Evangelhos somente três vezes, e sempre fazendo a mesma coisa: levando alguém a Jesus. Primeiro, foi ele mesmo. Depois, ele levou seu irmão, Pedro. Depois foi o garoto do lanche, e, por fim, os gregos. André, o apóstolo amigo; André, o homem que leva os outros a Jesus Cristo. Sem ele não há avanço. Os Andrés trazem os Pedros. Eles não são manchete; não atraem publicidade, nem as luzes, nem os aplausos do público. Não são os astros, mas os "figurantes". Não são os "pontas-de-lança", mas os "zagueiros centrais". São os que todo mundo mais ou menos ignora.
"Ah! Agora me lembro de você: é o irmão de Pedro."
Eles tocam o segundo violino. São homens comuns, mas sem eles nada se resolve. São homens de um só talento; nem cinco, nem dez... somente um. Contudo, este único talento é dado a Cristo, e não guardado para si.

Nós sempre recordamos os Pedros e esquecemos os Andrés. Eles não escrevem cartas vibrantes, nem pregam sermões grandiosos. Não ganham três mil pessoas com uma só pregação. Não operam milagres. Entretanto, eles levam a Cristo os Pedros que escrevem as cartas, pregam os sermões, ganham três mil almas e operam milagres. Nós todos nos lembramos de Pedro, mas esquecemos de André.

Quem levou a Cristo o grande reformador escocês, João Knox? Você sabe? Eu não sei. Foi um dominicano. Não sei o seu nome, mas sei o de Knox. Qual era o nome daquele pastor substituto que pregou num dia nevoso, numa cidadezinha do interior da Inglaterra? Naquele dia ele levou a Cristo o famoso Charles Spurgeon. Qual era o seu nome? Não sei; nós lembramos os Pedros mas esquecemos totalmente os Andrés.

Contudo, Jesus chamou André. Ele foi o primeiro a ser escolhido. Por quê? Porque homens de um só talento são indispensáveis ao Reino de Deus. Nada pode ser feito sem essas pessoas amáveis e humildes, que estão sempre levando outros a Jesus. De vez em quando, encontramos um Pedro, um Lutero, um Wiliam Carey, um Spurgeon, um Billy Graham, e aí o evangelismo em massa floresce. Entretanto, o mais eficiente é mesmo o evangelismo pessoal. No plano de Deus, nada pode substituir o lugar de André; nada é feito sem ele. Deus precisa destes Andrés de um talento só.

Nem todo mundo pode ser Pedro, mas todos podem ser André. Foi por isso que o Senhor chamou André.

Nós precisamos de homens! Precisamos de mais Andrés! Não desses que são treinados em seminários, que têm uma educação primorosa (embora estas coisas não devem ser desprezadas), nem mesmo daqueles que sabem tudo, mas sim de homens amáveis e amigos. Homens de um talento só. Homens de coração vibrante, com paixão pelas almas, com um propósito definido. Homens que vão falar, viver, testemunhar, andar, ser amigos dos outros, e dizer: "Achamos o Messias!" Cristo ordena a todos os homens que vão a todo o mundo e proclamem as boas-novas de que Deus visitou a terra, que Deus veio ao mundo, na pessoa de Jesus Cristo; que ele sofreu, morreu, ressuscitou e está vivo para sempre; que o maior evento da História já aconteceu, que a maior prova de amor já foi dada: "Achamos o Messias."

Nada se sabe a respeito de André na História da Igreja Primitiva. Ele caiu na obscuridade. Na verdade, ele nunca estivera mesmo em posição de proeminência. Desde o primeiro dia, fora sempre: "Pedro, Pedro, Pedro". Ele fora sempre afastado do caminho por esse irmão atirado, agressivo.

Conta a lenda que ele foi para a Grécia e pregou na província da Acaia. Ali se tornou um mártir e foi crucificado numa cruz em forma de X. Alguns séculos mais tarde, seu8s restos foram levados para a Escócia. O navio que os levava naufragou em uma baía, que mais tarde foi denominada a Baía de Sto. André. Os marinheiros chegaram à costa e conseguiram ganhar muitos para Cristo.


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